Conhecendo o Sódio e aprendendo a substitui-lo
O QUE É O SÓDIO
O sódio é um dos mais abundantes minerais existentes sendo que o seu componente principal é o cloreto de sódio (o sódio liga-se ao elemento cloro), o famoso sal de cozinha. Muitas pessoas associam a palavra “sal” quando o termo “sódio” é referido.
Os alimentos que consumimos podem conter o cloreto de sódio (sal) ou podem ainda conter o sódio de outras formas. Os alimentos de origem vegetal têm pouca quantidade de sódio, no entanto, os alimentos derivados de animais, como a carne, o peixe e o leite, são ricos em sódio.
PARA QUE SERVE O SÓDIO
O sódio é um dos três maiores electrólitos presentes no corpo humano (junto com o potássio e o cloro) e estes são essenciais na manutenção da homeostasia corporal, controlando os fluídos que entram e saem dos tecidos e células do corpo.
O sódio é responsável por regular a pressão e o volume sanguíneo, auxiliar na transmissão dos impulsos nervosos e na contração muscular e regular o equilíbrio ácido-base e hidro-electrolítico.
O SÓDIO E A DOENÇA RENAL
Os rins são a principal via pela qual o sódio é excretado. A quantidade de sódio excretado na urina depende da quantidade de sódio e água reabsorvidos nos néfrons. Se pouco sódio for reabsorvido, urina-se mais. Pelo contrário, se muito sódio for reabsorvido, a quantidade de urina é menor.
Na Doença Renal Crônica (DRC) a manutenção do equilíbrio entre a água e o sódio é o primeiro problema a ser tido em conta e, com o progressivo agravamento da lesão renal, surgem outros problemas graves relacionados com a homeostase do cálcio e do fósforo. Se os rins não estiverem a cumprir adequadamente as suas funções, o nível de sódio pode ficar alterado no corpo humano, o que pode conduzir a déficit ou excesso deste componente na corrente sanguínea, levando a diversos sinais e sintomas.
O sódio tem uma elevada taxa de absorção, sendo que, praticamente a totalidade deste mineral passa para o sangue. Sendo função dos rins eliminar os excessos, há que ter em atenção que estes excessos correspondem a 90% do que é ingerido através dos alimentos.
HIPONATRÉMIA
A hiponatremia acontece quando a concentração de sódio no sangue está abaixo dos 136 miliequivalentes (mEq) por litro de sangue. Esta alteração pode acontecer devido a:
Quantidade aumentada de água no corpo humano, derivado de uma ingestão excessiva por via oral ou por uma toma em grande quantidade de líquidos endovenosos (o que faz com que o sódio se dilua);
Perdas extra-renais, como vômitos, diarreia e queimaduras;
Toma excessiva de diuréticos (ao eliminarmos a água, o sódio também é excretado);
Dietas pobres em sódio;
Hiperglicemia (há uma atração de água para o sistema circulatório mas uma redução da concentração de sódio);
Glândulas supra-renais hipoativas que excretam demasiado sódio (doença de Addison).
A velocidade com que a concentração de sódio no sangue diminui determina em parte a gravidade dos sintomas. Quando a concentração desce lentamente, os sintomas tendem a ser menos exacerbados e não aparecem até que os valores sejam extremamente baixos. Quando a concentração diminui abruptamente, os sintomas são mais graves. Como o cérebro é especialmente sensível às alterações da concentração de sódio no sangue, pode surgir letargia, confusão, apreensão, convulsões e coma.
Quando a esta diminuição de sódio se associa uma baixo volume de líquidos na corrente sanguínea, pode provocar-se hipotensão arterial, taquicardia e diminuição do débito urinário. Por outro lado, quando esta diminuição for acompanhada por um excesso de líquidos na corrente sanguínea, há um aumento de peso, edemas (inchaços) e distensão dos vasos sanguíneos.
A hiponatremia grave é uma urgência médica que exige tratamento imediato e intensivo e o aumento lento de sódio na corrente sanguínea, com a administração endovenosa de fluidos, é uma das principais formas de tratamento. A par desta atitude, restringe-se o consumo de líquidos e tenta-se identificar e corrigir a causa de base da hiponatremia.
HIPERNATRÉMIA
A hipernatremia surge quando a concentração de sódio no sangue for superior a 145 miliequivalentes (mEq) por litro de sangue. Esta afecção pode dar-se devido a:
Dieta rica em sódio;
Administração por via endovenosa de soluções salinas hipertônicas;
Hiper-secreção de aldosterona;
Perda de água em grande quantidade (em situações de febre, diarreia, diabetes insípida, diabetes infecções respiratórias).
A hipernatremia é mais frequente entre as pessoas idosas pois, de uma forma geral, a sensação de sede percebe-se mais tarde e com menor intensidade nestas pessoas do que nas pessoas mais jovens. Com o avançar da idade, os rins são menos capazes de concentrar a urina, e, desta forma, estas pessoas também não podem reter a água com a mesma eficácia. A sede surge, deste modo, como um dos principais sintomas desta alteração, conjuntamente com as mucosas secas, agitação, convulsões e mesmo edema pulmonar.
Quando a hipernatremia ocorre associada ao aumento do volume de água na corrente sanguínea, pode haver um aumento de peso, edemas, hipertensão arterial e sensação de taquicardia. É comum em paciente renal.
Apesar do sódio ser essencial para várias funções do corpo humano, demasiado sódio é perigoso para as pessoas com DRC, uma vez que os rins não conseguem eliminar o sódio e os líquidos em excesso e o aumento da pressão arterial é um dos principais riscos. Por seu turno, um aumento da pressão arterial reduz a função renal, levando a acumular de produtos tóxicos e líquidos no corpo.
O SÓDIO E A ALIMENTAÇÃO
Se a pessoa está no último estádio da DRC e está em programa regular de hemodiálise / diálise peritoneal, um regime alimentar pobre em sódio pode ser prescrito, de modo a controlar a pressão arterial e o volume de líquidos. Ao se controlar o sódio, evitam-se as cãibras e as hipotensões durante as sessões de hemodiálise. Assim, há um conjunto de fatores a ter em conta:
Antes de se usar substitutos do sal, deve-se questionar a equipa de saúde sobre os mesmos pois, muitos deles, contém potássio em excesso, que, por sua vez, deve também ser evitado;
Consultar a equipa de saúde sobre a quantidade de sal que se pode consumir, bem como sobre a quantidade de sal presente nos alimentos consumidos diariamente;
Ler sempre os rótulos dos produtos é uma boa dica;
Limitar o consumo de alimentos processados, congelados, embutidos e industrializados;
Comparar as composições nutricionais entre as várias marcas, selecionando a marca que apresentar menos sal;
Privilegiar os condimentos frescos como ervas aromáticas e as especiarias, em detrimento do sal;
Tomar especial atenção quando se frequenta restaurantes, evitando molhos onde há maior concentração de sal;
Nos restaurantes deve-se evitar também as sopas, carnes curadas, alimentos fumados e a conhecida “fast food” pois contém, normalmente, grandes concentrações de sal.
Uma dica quando você for comer fora é procurar self service, onde há grande variedade de alimentos.
Adicionar o sal/temperos à comida apenas 15 minutos antes de estar cozinhada é outra dica.
Doentes em hemodiálise e diálise peritoneal devem restringir o consumo de Sódio de 1,8g a 2,3g/dia. - A recomendação da ingestão de sódio é individualizada dependendo do volume e das perdas urinárias. O excesso de ingestão de sódio pode provocar um maior ganho de peso interdialitico, edema, HTA e insuficiência cardíaca
Para um dieta mais agradável utilize condimentos e ervas aromáticas, estas melhoram a sabor dos alimentos e ao mesmo tempo diminuem a sensação de sede. É impressionante a rapidez com que o seu paladar se adapta à mudança de sabor. Eu faço e indico!
Ervas aromáticas / condimentos - alecrim, alho, cebolinho, coentros, louro, salsa, tomilho, sumo de limão, aipo, óregão, hortelã, vinagre.
Moderação - cravinho, piripiri, pimenta, caril, colorau, açafrão - aumentam a sensação de sede
A quantidade de sódio dos produtos precisa ser multiplicada por 2,5 para termos o equivalente em sal de cozinha. Um alimento com 500 mg de sódio representa 1250mg ou 1,25 g de sal.
Um grande abraço e até a próxima!
Referências Bibliográficas:
[1]. MARTINEZ, Pedro P. ; CARVALHO, Marileda B. - Participação da excreção renal de cálcio, fósforo, sódio e potássio na homeostase em cães sadios e cães com doença renal crônica. Pesq. Vet. Bras. ISSN 0100-736X. Vol.30, Nº10 (2010), p. 868-876.
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[5]. SEELEY, R.; STEPHANS, T.; TATE, P. – Anatomia e Fisiologia. 6ª edição. Loures: Lusociência, 2003. 1118 p. ISBN: 972- 8930-07-0.
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